Discurso de Posse – juíza Keylla Ranyere

11 de janeiro de 2025

Senhoras e senhores,

É com imensa honra e gratidão que me dirijo a todos nesta solenidade de posse como presidente da Associação dos Magistrados Piauienses (AMAPI).

Primeiramente, gostaria de agradecer a presença dos amigos(as), dos colegas de outras associações que vieram de outros estados da federação nos prestigiar APAMAGIS (São Paulo), AMMA (Maranhão), AMAERJ (Rio de Janeiro), AMAGIS (Distrito Federal), associações de classe piauienses como a APIDEP, nosso colega Jeiko, advogados, servidores do TJ, minhas meninas da 3.ª vara de família, a equipe da CEVID, minhas amigas do Ministério Público, da defensoria pública, agradecer a presença de nossas colegas magistradas do Maranhão representando o Coletivo Maria Firmina, as minhas “Lulus” (nossas guerreiras magistradas piauienses), todos os associados e pensionistas da nossa AMAPI, que vieram prestigiar este momento tão especial.

Familiares (Sr. Teixeira e Dona Rosa, meus pais, meu esposo, José Wellinton Procópio, minhas filhas, Heloísa e Milena, minhas irmãs, sobrinhos, cunhados, afilhados, compadres,…).

A presença de cada um de vocês torna esta ocasião ainda mais significativa.

Ontem à noite, depois de um papo mega agradável na companhia da colega Eunice da AMAERJ, meu amigo Trigueiro, Thiago da APAMAGIS e do marido, parei para pensar no que falaria hoje aqui.

O que eu diria neste discurso?

Tive certa dificuldade…
Não queria cansá-los com uma fala longa e enfadonha, como é comum em discursos de posse, sobre os desafios e dificuldades que enfrentei até chegar aqui, pedindo desculpas à família pela ausência, falando dos desafios enfrentados na carreira…

Também não queria tratar da participação feminina em postos de comando, uma fala constante minha e que, inclusive, me “rotula” de forma negativa vez por outra.

O que falar na minha posse?

O cargo que assumo não é da carreira da magistratura, não é uma ascensão obtida por antiguidade ou merecimento… É um cargo político, de política associativa.

É uma missão árdua na qual se representa toda uma classe, uma categoria altamente qualificada, exigente e exigida pela sociedade.

Às vezes uma posição mal interpretada… Incômoda. Alvo fácil para críticas, já que a perfeição é algo inatingível… O que falar?

E lembrei da minha trajetória de estudante, me transportei para a 5.ª série do colégio das Irmãs da Cidade de Parnaíba, onde passei parte da minha infância, e lembrei que lá eu já me candidatava a líder de turma… E disputava no voto…

Fiz isso no colégio Pro Campus também, já em Teresina.

Recordei minha atuação como integrante do centro acadêmico de direito da UESPI, e das atividades e pleitos que lá apresentávamos junto à reitoria, à época, buscando estrutura, professores, biblioteca… Organizando eventos, viagens, participando de coletivos nacionais.

Mas logo que concluí o curso, já ingressei no Tribunal, aos 23 anos… Uma menina, dentro de um gigante…

Passei por adaptação, aquele estranhamento mais que esperado que os jurisdicionados e servidores tinham em ver uma garota, de 23 anos, conduzindo uma audiência, determinando o que a equipe tinha que fazer… Com que experiência?

Nenhuma…

Mas foi assim que aconteceu, era assim que tinha que ser, e segui meu percurso amadurecendo no curso do caminho…

E de lá para cá são quase 23 anos…

Mas a política estava aqui dentro porque ela não dorme e não sei se foi por este motivo que acabei casando com um político e cheguei a ser primeira-dama por longos 8 anos, como muitos aqui sabem…

E foi um super aprendizado. Claro que fui uma primeira-dama atípica, mas fui e aprendi muito, sobre política raiz, participação feminina na política (e a ausência dela), sobre estratégias eleitorais, o que me ajudou bastante, inclusive na jurisdição.

A fase de primeira-dama passou, porque Deus é misericordioso, minhas filhas nasceram…, mas a política seguia aqui dentro…

A inquietude por aprender, por fazer algo para mudar a minha realidade à volta, o inconformismo, o atrevimento, sempre foram características minhas…

E meu amigo, Thiago Brandão, com seu olhar clínico, começou a dar corda para alguns destes meus interesses… E quando percebi, eu já estava viajando o interior em campanha pedindo votos com meu amigo Leonardo Brasileiro e a Dra Junia Fialho para a nossa “chapa 2, AMAPI + Forte, uma só magistratura”, isso em 2019, um ano após eu chegar à Capital.

Mas registro, corregedor, que tirei férias para fazer campanha!!

E depois não parei mais…

Estava na AMB MULHERES, na gestão da Renata Gil, logo já era vice novamente na AMAPI, na gestão do Maurício, fui eleita uma das coordenadoras nacionais do Movimento Paridade no Judiciário.

Neste percurso, fui convidada para assumir nossa CEVID do TJ, o que me deu, reconheço, muita visibilidade. Comecei a ser convidada para dar palestras e cursos sobre as questões relacionadas ao gênero… E aí o rótulo me pegou de vez, como alguém que só se interessava em pautas femininas, em falar de mulher, em pleitear espaço para as mulheres…

A questão é que a inquietação por ajustar o que vejo desconforme é uma característica minha… E este rótulo que falei acaba por camuflar os meus outros interesses…

Este inconformismo, senhoras e senhores, me impulsiona para ouvir, diagnosticar, buscar soluções, planejar, executar estratégias…

Tudo em prol de edificar realidades novas, mais aperfeiçoadas, mais justas e mais leves, por que não? Já trabalhamos com temáticas tão pesadas, por que não alcançar nossos objetivos de uma forma menos custosa?

Não aceito muito as falas “não posso” e “não consigo”, sou impulsionada pela fala “se alguém fez, eu também consigo”, “se alguém chegou, também posso chegar”, e “se alguém resolveu, também posso resolver” …

E se, por acaso, for algo que ninguém fez ainda, a frase que me move é “posso ser a primeira pessoa a fazer e vai ser massa”.

Minhas equipes conhecem bem esse movimento…
E hoje estou aqui, 65 anos depois da fundação da Associação dos Magistrados Piauienses, sendo a primeira mulher a assumir a presidência da AMAPI, e estou achando tudo isso incrível.

Assumo, publicamente e de forma solene, nos moldes descritos no art. 1.º de nosso estatuto o compromisso de, em nome da AMAPI, juntamente com os componentes da diretoria e o conselho fiscal, pugnar pelo prestígio do Poder Judiciário, pelas garantias constitucionais e prerrogativas específicas dos Magistrados e Magistradas, por sua independência e defesa dos seus interesses.

Agradeço imensamente aos meus “ex”, Thiago Brandão, Brasileiro e Maurício, pelo apoio, pelo olhar despido de preconceito, pela sensibilidade com que atenderam às demandas, pela pausa que faziam para ouvir o que eu apresentava.

Saibam que conto sempre com vocês e que não será fácil se livrar de mim.

Esta fala também apresento a você, Trigueiro, ao Zé e a todos os que me antecederam, suas experiências são valiosas e preciso muito delas para seguir minha missão.

Às minhas Lulus, que sempre viram em mim uma líder, cada uma de vocês está aqui comigo neste momento, é uma satisfação poder representar mulheres tão fortes e dedicadas, honrando aquelas que vieram antes de mim e mostrando às que virão que os caminhos existem e que precisamos de força, paciência, coragem, estratégias e, acima de tudo, persistência para trilhá-los. Para as mulheres sempre é assim, mais difícil mesmo.

A meus amigos magistrados que me incentivaram a ocupar este espaço, não citarei nomes para não ser injusta, mas digo que as falas de incentivo e força foram uma mola propulsora que me fizeram não olhar para trás e aceitar este desafio.

Agradeço de forma especial à diretoria da AMAPI que aclamou meu nome para que hoje este momento pudesse se concretizar.

Somos um grupo de juízes e juízas de primeiro e segundo graus apaixonados por servir e que têm o desejo constante de acertar, pessoas que deixam muitas vezes seus afazeres pessoais simplesmente pelo prazer de fazer algo a mais em prol do coletivo.

Colegas, muito obrigada pelo apoio e confiança, estamos juntos sempre! Conto com vocês!

Também sou extremamente grata ao nosso conselho fiscal, que apesar de não ter voto nesta escolha, manifestaram apoio à aclamação, que foi fruto de um entendimento conjunto, num trabalho bem conduzido pelo nosso querido Maurício.

Colegas, senhoras e senhores, assumir a presidência da AMAPI é uma responsabilidade imensa.
Representar a magistratura piauiense, uma categoria visada por cobranças e críticas, é um desafio que aceito com determinação e compromisso.

Sabemos que as notícias positivas sobre a magistratura não vendem tão bem como as negativas, mas isso não diminui a importância do nosso trabalho e da nossa dedicação à justiça.

Nosso dia a dia é pesado, sofrido, estressante.

Não importa o que é pedido, a culpa sempre recai para nós, que apesar de julgadores(as), somos diuturnamente julgados(as) e, às vezes, sem direito a contraditório.

Ser magistrado(a) não é fácil, os desafios são muitos e a cada dia surgem novas provocações.

Mas fiquem cientes, que lutar pelos interesses da magistratura piauiense será a pauta da minha vida até dia 31.12.2025.

Prometo dar o meu melhor para seguir com o trabalho iniciado pelo nosso amigo Maurício Machado, atuando como um elo entre os associados e a alta gestão do Tribunal de Justiça na busca pelos interesses de natureza remuneratória, tanto para os associados e associadas da ativa como da inatividade e pensionistas, pela pauta relacionada à segurança institucional, saúde laboral, assim como, em todas as temáticas de interesse da classe, como o de abrir espaço para a construção de estratégias para a melhoria da estrutura funcional e tecnológica, em prol de nossa produtividade.

A AMAPI sempre estará junto à presidência deste tribunal, Desa Lucicleide e à Corregedoria, Des. Erivan, como parceira, afinal nossos interesses são os mesmos.

Estarei à disposição para servir os(as) colegas, contando com o apoio de cada um e cada uma, pois a AMAPI somos todos nós. E nada no associativismo se faz sozinho.

Rogo a Deus que ilumine esta jornada, que a torne leve e que eu consiga entregar o meu melhor, pois este é o meu desejo.

Para a Heloísa e para a Milena, digo:

“filhas, sinto muito, acho que me ausentarei um pouquinho mais este ano de casa, mas esta é a minha história e preciso trilhá-la, vocês sabem que sempre volto… sei que entendem e que no futuro abraçarão também seus desafios”.

Ao marido digo, como você já fala para todo mundo, “a política da casa agora sou eu, cuide lá que agora é minha vez”.

E, para finalizar minha fala, trago alguns versos de cordel que rabisquei hoje pela manhã:

“A União que nos Fortalece

Com o coração radiante, assumo esta missão,
De forma confiante, com muita emoção.
Presidente da AMAPI, aqui estou,
Com alegria, como a diretoria avistou.
A união de cada membro é o que nos faz fortes,
Cada potencial somado é o que nos dá suporte.
Juntos somos grandes, com brilho e dedicação,
Crescemos em harmonia, com amor e união.
A missão da AMAPI é clara e verdadeira,
Tratar dos interesses da magistratura é nossa bandeira.
Com diálogo e leveza, podemos sempre avançar,
E juntos, com cuidado, nossos objetivos alcançar.
Estou muito feliz por este momento especial,
E meu trabalho será focado, no cuidado total.
Que eu seja o elo, a ponte de conexão,
Entre cada integrante, em sincera comunhão.
Que todos se sintam acolhidos, bem cuidados,
E que juntos sejamos sempre mais iluminados.
Peço a Deus, com fé e devoção,
Que ilumine nosso caminho e nossa missão.
Que nossas ações sejam sempre guiadas,
Pela justiça, pelo bem e por boas palavras.
Hoje começo uma nova jornada,
Com doçura, esperança e fé renovada.
Agradeço a confiança de todos, de coração,
Faremos juntos da nossa AMAPI, uma força para a nação”.

Muito obrigada.

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