Saudação do Des. Sebastião Martins na despedida do Des. RAIMUNDO EUFRÁSIO ALVES FILHO

24 de outubro de 2023
Autor: Desembargador Sebastião Ribeiro Martins

Saudação do Des. Sebastião Martins na despedida do Des. RAIMUNDO EUFRÁSIO ALVES FILHO, no dia 24.10.23, na Câmara Cível.

Senhor Presidente desta Câmara!

Senhores Desembargadores desta Corte!

Senhora Procuradora de Justiça!

Caro colega e amigo Desembargador Raimundo Eufrásio !

Hoje é o dia da sua despedida.

É o último canto do Cisne, como diria Evandro Lins e Silva, o ilustre jurista piauiense.

Esta manhã está um pouco nublada, como a refletir o nosso sentimento de tristeza e saudade ante a saída iminente do ilustre amigo Eufrásio desta Corte de Justiça.

Todos nós, com certeza, vamos sentir muito a sua ausência diária neste Tribunal.

Peço ao amigo Desembargador Raimundo Eufrásio que grave bem esta mensagem.

O caminho do êxito pessoal e profissional depende de cada um de nós.

É certo que a dedicação aos estudos e a busca incessante do conhecimento prepara muito bem o cidadão para a vida profissional, mas somente a força de vontade, a formação da personalidade, o amor à família, o comportamento ético e o caráter são valores e virtudes individuais que independem dessa formação acadêmica.

Vossa Excelência é um exemplo de superação das adversidades da vida, que venceu pelo estudo e pela formação sadia de sua personalidade. Desempenhou suas funções na magistratura também numa dimensão ética e social, típica de uma cidadania plena, consciente e responsável.

Para o Presidente da Suprema Corte brasileira, Ministro LUÍS ROBERTO BARROSO, a Justiça não é feita de certezas absolutas ou de verdades plenas e transparentes. A vida tem muitos pontos de observação. Muitas vezes, cada um de nós, profissionais do Direito, teremos sérias dúvidas sobre o que é certo ou errado, o que é justo ou injusto. Ele lembra sempre da história do experiente advogado que, após haver vencido a causa, telefonou ao seu incrédulo cliente, dizendo: “Fez-se justiça”. Ao que o cliente respondeu: “Vamos recorrer imediatamente”.

Mas hoje, caro Desembargador EUFRASIO, não quero falar da ciência do Direito que V. Exa. aprendeu muito bem com os seus professores nas salas de aula, nos livros jurídicos, na advocacia e, sobretudo, como servidor público.

Quero vos falar da vida, dos valores cristãos, do amor, da tolerância e do poder da fé para dizer-vos, finalmente, que tudo está dentro de nós mesmos. A única e verdadeira independência que o homem resguarda é a sua própria consciência,

É nessa dimensão espiritual que a noite se faz dia, porque o sol permanente da inteligência humana ilumina o atalho do momento, deixa bem clara a saída da dúvida, faz da incerteza a certeza; da fraqueza a força; do medo o destemor; da sombra o remanso estratégico para o melhor combate; do sofrimento a paz; do ódio o perdão verdadeiro e do egoísmo a generosidade cintilante e pura que alivia suavemente o espírito.

Tenha consciência de que nada é mais forte do que a inteligência, pois é dela que nasce a fé, e sem fé não há esperança e nem vida plena e digna.

Nada está fora do alcance da pessoa humana se ela tem a firme convicção da sua enorme força interior, da sua infinita capacidade de ser mais todos os dias; de criar e recriar-se sobre si mesma; de cair e levantar; de tropeçar e seguir adiante; de espantar o desânimo e buscar a alegria de viver; de não se deixar enredar no julgamento do seu próximo, mas julgá-lo pelo perdão sincero para ser forte na tolerância e generoso na misericórdia.

Mas veja e observe, caro Eufrasio, que na sua vitoriosa trajetória profissional, nenhum conselho substituiu o seu próprio conselho. O que eu quero dizer, Senhores, é que sempre venceremos, ou sempre poderemos vencer, se nos aliarmos com a nossa fé, transformando os nossos destinos todos os dias, no recolhimento mais íntimo do nosso ser, para sermos fortes a partir de nós mesmos e, então, cumprir fielmente a nossa grande missão espiritual aqui na Terra.

Não esqueça, jamais, de ser feliz, Desembargador Eufrásio, na certeza de que a felicidade tem mais a ver com vossas próprias atitudes do que com meras circunstâncias do destino.

Vossa Excelência voou alto, mergulhou fundo e encontrou o seu próprio caminho. Sem medo de tentar, de recomeçar, de insistir. O maior naufrágio é não partir, já dizia um grande navegador português.

Quero expressar, nesta oportunidade, a nossa confiança, a nossa solidariedade e a nossa saudade pela sua saída deste Tribunal pelas portas largas da aposentadoria compulsória.

Sei, porém, que esta aposentadoria representa uma consagração de uma vida profissional honrada e produtiva, cujos momentos vós sabereis relembrar para sempre. Agradeça a Deus por este momento!

A sua convivência alegre, harmoniosa e diária entre nós, durante esses 16 anos, não permitirá jamais a prescrição dessa relação; Legalize, pois, essa amizade e o inquebrantável laço de solidariedade que nos une para sempre.

Constitucionalize, nesta assembleia espiritual, o amor, a amizade e a ternura; Denuncie a discórdia, a inveja e os ressentimentos; condene a preguiça e o desalento; Julgue o tempo e o destino e absolva, com celeridade processual, os eventuais desencontros e mal entendidos, porque essa relação afetiva e fraterna entre nós está plenamente consolidada no tempo e hoje, finalmente, transitou em julgado.

Assim, nenhum recurso impedirá a trajetória próspera e feliz de todos nós porque a vossa aposentadoria, está fundamentada e materializada na ciência do Direito e no amor infinito de Deus e alicerçada, ainda, na prova plena e robusta da fé, da paz e da Justiça.

Seja muito feliz, Desembargador Raimundo Eufrásio, e que Deus vos proteja sempre!

Muito obrigado!

Sebastião Ribeiro Martins

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